Não é para completar, é para transbordar

Um dia tive um grande amor na minha vida, e o nome dele era Bernardo.
Foi o sentimento mais lindo, intenso e verdadeiro que já experienciei.
Fiz uma besteira grande, ele disse que nunca mais queria me ver e foi embora.
Na tentativa de esquecer Bernardo fiquei com Fábio.
Depois, para me descobrir, fiquei com Jasmine.
Para não me apaixonar por Jasmine fiquei com Gregório.
E aí, mesmo sem querer, me apaixonei.
Para tentar esquecer Gregório fiquei com Daniela; não funcionou.
Então, de repente, cai Leandro na minha vida.
Bastou uma semana para ele me fazer esquecer Gregório, Daniela e qualquer outra paixão.
Senti, pela primeira vez desde que Bernardo se foi, que poderia amar novamente.
Mas então, do nada, Leandro também foi embora. Para esquecê-lo, volto pra Daniela.
Desesperada por ter alguém, começo a trocar nudes com Alan.
Me sentindo vazia, vou em busca de mais dezenas de pessoas para me preencher;
Paulo, Breno, Manoela, Renato, Ítalo, Renê, outro Paulo, Lorena, Daniel.
De tão desesperada, cogito até voltar para meu karma sagitariano, Gregório!
Entre um contatinho e outro, me questiono:
Afinal, porque eu fiquei assim tão desestruturada pelo adeus de Leandro?
Me apaixonei por ele, ou pelo sentimento familiar que ele traz?
Sentimento esse que, de certo modo, me recorda Bernardo.
Bingo! Depois de todas essas voltas eu percebo: tudo sempre retorna pra ele.
Não importa quantas paixões e envolvimentos sexuais eu tenha,
No final parece que ainda é tudo sobre ele.
Sobre a ausência dele.
Sobre eu aprendendo a viver sem ele.
Tantas escolhas erradas me trouxeram alguns ensinamentos.
Eu estava tão vazia, a todo tempo buscando alguém, porque não tinha nem a mim mesma.
Compreendi que Leandro foi tão avassalador em minha vida porque me trouxe esperança.
Com ele descobri que eu poderia amar alguém verdadeiramente além de Bernardo.
Eu não precisava ficar presa a Leandro, podia deixa-lo ir e tirar minha lição disso:
Se foi possível sentir algo novamente com Leandro, será possível com alguma outra pessoa.
Sim, eu posso um dia sentir um amor tão imenso e intenso de novo.
Não foi com Bernardo, não foi com Gregório, muito menos com Leandro.
Nem Jasmine, Daniela, Paulo, Fábio, Diana, Alan.
Mas pode ser com outro alguém, algum dia, em algum lugar.
Preciso apenas parar de procurar, para só então conseguir encontrar esse amor.
E ai, quando isso acontecer, eu não estarei buscando esse amor pra me completar.
Já estarei completa de mim mesma, e buscarei o amor puramente para transbordar.